Hoje em dia é normal ver jogos de videogame carregados de
conteúdo adulto, como violência explícita, palavrões de baixo nível, cenas de
sexo, uso de drogas, preconceitos, terrorismo, entre outros não menos sutis.
Também é comum ver jogos desse tipo envolvidos em polêmicas, principalmente se
acontece um fato trágico na vida real que, de certa forma, tenha semelhança com
algo visto em um jogo qualquer.
Isso já é suficiente para que esses jogos se tornem alvo de
verdadeiros “bombardeios” midiáticos, que por consequência, geram discussões
acaloradas na sociedade. Diante desta situação, fica a pergunta: afinal, os
jogos de videogame podem influenciar nas atitudes das pessoas?
Segundo a psicóloga Viviane Stephan, o conteúdo violento dos games
é um reflexo do que vemos na vida real. “Muitos jogos mostram a violência que
presenciamos em nossa sociedade, por isso todo o conteúdo agressivo é visto com
naturalidade”, “O que pode ser um complicador é a pessoa que é exposta a essa
mídia violenta, passar a enxergar o mundo mais violento do que ele é”, alerta.
Na ainda atual geração de consoles, alguns jogos de franquias famosas foram relacionados a tragédias reais. No game Call of Duty: Modern Warfare 2 (Activision/2009), uma das missões consiste em realizar um ataque terrorista a um aeroporto russo, onde o objetivo é fazer uma chacina geral, usando armamento pesado para matar os civis locais.
Coincidência ou não, em janeiro de 2011 o Aeroporto Internacional
de Domodedovo, em Moscou, foi alvo de ataque de um homem bomba, que matou 35
pessoas e feriu mais de 170. Na mesma semana, o noticiário estatal Russian Today apontou Call of Duty: Modern Warfare 2 como o grande culpado pela tragédia,
afirmando que o jogo serviu de inspiração para o terrorista.
No vídeo abaixo, seguem trechos da polêmica missão “No Russian”,
de Call of Duty: MW 2:
Outro caso que gerou controvérsias aconteceu no ano passado,
quando cinco integrantes de uma família foram encontrados mortos dentro de
casa, na Vila Brasilândia, em São Paulo. O principal suspeito pelas mortes foi
um dos membros da família, o estudante Marcelo Eduardo Bovo Pesseghini, de 13
anos, que também estava morto no local. Durante as investigações, muitos
veículos divulgaram à exaustão o perfil que Marcelo tinha em uma rede social,
no qual havia uma foto do assassino protagonista de um dos jogos da série
Assassin’s Creed (Ubisoft).
A partir daí, surgiu a hipótese de que o game poderia ter
influenciado o garoto a matar a família, caso ficasse provado que ele era o
responsável pelos crimes. Devido à repercussão do assunto, a Ubisoft publicou
em sua página oficial os pêsames à família Pesseghini, além de afirmar no
comunicado que nunca nenhum estudo provou que os jogos, ou qualquer meio de
entretenimento, foram responsáveis por atitudes individuais. Para a psicóloga
Viviane Stephan, antes de apontar um jogo como culpado por fatalidades reais
deve-se levar em consideração o perfil do jogador, e se ele utiliza jogos
eletrônicos para esconder algum sofrimento mental já existente.
Em relação à idade dos jogadores, Stephan diz que adolescentes
podem ser influenciados por obras fictícias com mais facilidade, mas que isso
não é uma regra. A psicóloga ressalta a importância da presença dos pais nesses
momentos. “O que precisa ser levado em consideração é a faixa etária dos jogos,
existe uma classificação que precisa ser respeitada. Os pais precisam ficar
atentos também para o conteúdo dos jogos que os seus filhos estão entrando em
contato, sempre respeitando os limites, para que ele não se torne dependente”,
“se a situação foge do controle, tempo e frequência tonam-se demasiados, a
pessoa deixa de lado o lazer, de sair com os amigos, então isso acarretará
prejuízos. A procura por tratamento é necessária, uma vez que por trás da
adicção (dependência) pode estar camuflada a depressão”, orienta.
Aviso aos
papais viciados
Para os adultos que jogam na frente dos filhos pequenos (ou junto
com eles), e às vezes nem se dão conta do teor que o game carrega, fica a dica
da psicóloga: “para que a criança construa uma personalidade saudável, é
necessário que esteja num lar provido de muito amor, cuidado e proteção. A
exposição a conteúdos de violência se torna desnecessária, uma vez que a mente
infantil ainda em formação precisa assimilar um ambiente acolhedor, bem
equilibrado e construtivo”, explica Viviane Stephan.
Por Sergio Grecco
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