sábado, 31 de maio de 2014

Entretenimento ou ameaça? Jogos violentos podem influenciar nas atitudes das pessoas?




Hoje em dia é normal ver jogos de videogame carregados de conteúdo adulto, como violência explícita, palavrões de baixo nível, cenas de sexo, uso de drogas, preconceitos, terrorismo, entre outros não menos sutis. Também é comum ver jogos desse tipo envolvidos em polêmicas, principalmente se acontece um fato trágico na vida real que, de certa forma, tenha semelhança com algo visto em um jogo qualquer.

Isso já é suficiente para que esses jogos se tornem alvo de verdadeiros “bombardeios” midiáticos, que por consequência, geram discussões acaloradas na sociedade. Diante desta situação, fica a pergunta: afinal, os jogos de videogame podem influenciar nas atitudes das pessoas?

Segundo a psicóloga Viviane Stephan, o conteúdo violento dos games é um reflexo do que vemos na vida real. “Muitos jogos mostram a violência que presenciamos em nossa sociedade, por isso todo o conteúdo agressivo é visto com naturalidade”, “O que pode ser um complicador é a pessoa que é exposta a essa mídia violenta, passar a enxergar o mundo mais violento do que ele é”, alerta.

Na ainda atual geração de consoles, alguns jogos de franquias famosas foram relacionados a tragédias reais. No game Call of Duty: Modern Warfare 2 (Activision/2009), uma das missões consiste em realizar um ataque terrorista a um aeroporto russo, onde o objetivo é fazer uma chacina geral, usando armamento pesado para matar os civis locais.

Coincidência ou não, em janeiro de 2011 o Aeroporto Internacional de Domodedovo, em Moscou, foi alvo de ataque de um homem bomba, que matou 35 pessoas e feriu mais de 170. Na mesma semana, o noticiário estatal Russian Today apontou Call of Duty: Modern Warfare 2 como o grande culpado pela tragédia, afirmando que o jogo serviu de inspiração para o terrorista.

No vídeo abaixo, seguem trechos da polêmica missão “No Russian”, de Call of Duty: MW 2:



                             


Outro caso que gerou controvérsias aconteceu no ano passado, quando cinco integrantes de uma família foram encontrados mortos dentro de casa, na Vila Brasilândia, em São Paulo. O principal suspeito pelas mortes foi um dos membros da família, o estudante Marcelo Eduardo Bovo Pesseghini, de 13 anos, que também estava morto no local. Durante as investigações, muitos veículos divulgaram à exaustão o perfil que Marcelo tinha em uma rede social, no qual havia uma foto do assassino protagonista de um dos jogos da série Assassin’s Creed (Ubisoft).
                                                                          
A partir daí, surgiu a hipótese de que o game poderia ter influenciado o garoto a matar a família, caso ficasse provado que ele era o responsável pelos crimes. Devido à repercussão do assunto, a Ubisoft publicou em sua página oficial os pêsames à família Pesseghini, além de afirmar no comunicado que nunca nenhum estudo provou que os jogos, ou qualquer meio de entretenimento, foram responsáveis por atitudes individuais. Para a psicóloga Viviane Stephan, antes de apontar um jogo como culpado por fatalidades reais deve-se levar em consideração o perfil do jogador, e se ele utiliza jogos eletrônicos para esconder algum sofrimento mental já existente.


Em relação à idade dos jogadores, Stephan diz que adolescentes podem ser influenciados por obras fictícias com mais facilidade, mas que isso não é uma regra. A psicóloga ressalta a importância da presença dos pais nesses momentos. “O que precisa ser levado em consideração é a faixa etária dos jogos, existe uma classificação que precisa ser respeitada. Os pais precisam ficar atentos também para o conteúdo dos jogos que os seus filhos estão entrando em contato, sempre respeitando os limites, para que ele não se torne dependente”, “se a situação foge do controle, tempo e frequência tonam-se demasiados, a pessoa deixa de lado o lazer, de sair com os amigos, então isso acarretará prejuízos. A procura por tratamento é necessária, uma vez que por trás da adicção (dependência) pode estar camuflada a depressão”, orienta.





Aviso aos papais viciados


Para os adultos que jogam na frente dos filhos pequenos (ou junto com eles), e às vezes nem se dão conta do teor que o game carrega, fica a dica da psicóloga: “para que a criança construa uma personalidade saudável, é necessário que esteja num lar provido de muito amor, cuidado e proteção. A exposição a conteúdos de violência se torna desnecessária, uma vez que a mente infantil ainda em formação precisa assimilar um ambiente acolhedor, bem equilibrado e construtivo”, explica Viviane Stephan.    






Por Sergio Grecco







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